segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Degustação as cegas de Merlot com cordeiro

Ontem realizei um desejo que a muito tempo vinha imaginando fazer, uma "degustação às cegas". Escolhemos uma determinada uva, que no caso foi a Merlot e harmonizamos com um pernil de Cordeiro com ervas e molho também a base de vinho merlot. Escolhemos os vinhos seguindo os seguintes critérios:
-Vari
etais 100% merlot.
- Se possível, o mais semelhante possível em termos de envelhecimento em barris e safras não muito distantes uma das outras.
-Três terroirs diferentes.

Os vinhos escolhidos foram:
1) Chateau Bardineau 2004, França. Um bordeaux varietal de Merlot (não c
onseguimos identificar ao certo quanto tampo de envelhecimento em barricas)
2) Salton Talento 2006, Brasil. Varietal de Merlot (12 meses de envelhecimento em barricas)
3) Santa Ema 2007, Chile. Também 100% Merlot (6 meses de envelhecimento em Barricas)

O Cordeiro foi marinado por 4 horas com vinho Merlot, alecrim, mangericão, salsinha e tempero de alho e sal. Acompanhado de arroz branco e cebolas caramelizadas ao molho merlot.
Num total de seis pessoas, foi feito inicialmente uma degustação sem harmonização para identificarmos os aromas, sabores e procedência dos vinhos, lembrando que nenhum dos participantes sabiam qual vinho estavam tomando. Foi dado um nota a cada um deles (entre 80 e 100). Depois foi servido o prato e então perguntado qual deles harmonizava melhor com o prato servido.

A experiência foi sensacional. Eu, particularmente, sempre quiz fazer uma degustação às cegas incluindo um vinho Brasileiro e outro Francês. O propósito seria quebrar alguns mitos e preconceitos, ou talvêz até acentuá-los.

O vinho que recebeu maior pontuação foi o Salton Talento (Brasil), quatro pontos a frente do Chileno e vinte e um pontos a frente do Francês.

No quesito harmonização houve um empate entre os três vinhos ( 2 votos para cada).

Descrevo agora a minha avaliação dos vinhos:

Chateau Bardineau 2004 - Apenas cinco anos de garrafa mas já com coloração mais atijolada, o que me causou já uma certa surpresa, pois cinco anos é um tempo curto para um envelhecimento tão acentuado. Pouco aromático, com tons leves de café, baunilha e madeira. Pouco encorpado. Na minha avaliação um vinho sem brilho. Nota: 82 pts.

Salton Talento 2006 - Um vinho completamente diferente do primeiro. Uma cor vermelho rubí vibrante, aromas de baunilha, café, frutas vermelhas e ameixa. A medeira esta um pouco acentuada (12 meses). Na boca um equilíbrio marcante entre o sabor das frutas e a madeira. Um vinho mais encorpado, taninos presentes e aveludados. Evolução muito boa na garrafa, provavelmente estando no seu melhor momento. Como a maioria dos vinhos nacionais de qualidade perca no quesito preço. Nota: 89 pts.

Santa Ema 2007 - Certamente um vinho ainda jovem e que prescisa de uma evolução de alguns anos na garrafa. Aromas marcantes de madeira e frutas vermelhas maduras. Taninos ainda rudes e com uma acidês que incomodava um pouco (vinho jovem ainda). Apesar disso, na minha opinião, foi o que hormonizou melhor com o cordeiro. Nota: 88 pts.

O cordeiro foi muito elogiado e realmente focou muito bom, de sabor suave e conscistência bem macia. Segue a receita:

Para 6 pessoas
-2 unidades pequenas de pernil de cordeiro que foram desossadas depois de descongeladas
-1 xícara de vinho Merlot
-alecrim
-mangericão
-salsinha seca
-pimenta do reino moída na hora
-tempero de alho e sal
Misturar todos os temperos e fazer uma marinada com a carne. Deixar na geladeira por 4 horas. Cobrir com papel alumínio e colocar para assar por 2 horas, retirando o papel alumínio nos últimos 30 minutos para secar o molho. Durante o cozimento regue a carne com o molho.
Cebolas caramelizadas:
-O quanto baste de cebolas cortadas em rodelas
-manteiga
-3 a 4 colheres de açúcar
-1 xícara de vinho merlot
Em uma panela derreta a manteiga e coloque a cebola. Quando ela estiver macia coloque o vinho e o açúcar e deixe cozinhar até que a cebola adquira a cor do molho e ele engrosse levemente.

Na minha avaliação o melhor vinho foi o nacional, quebrando um certo preconceito que eu tinha sobre vinhos brasileiros. Já em relação ao vinhos franceses, que me desculpem os experts em vinhos e apaixonados pelos franceses, mas eu ainda não conseguí tomar um vinho francês que realmente me encantasse, como muitos chilenos, californianos, potugueses, australianos, etc...
A experiência de se degustar as cegas é extremamente didática e certamente repetiremos mais vezes.

Um comentário:

  1. Olá Carlos,
    Sou amigo do Ricardo Miura, que indicou-me o seu blog. Gostei do que vi.
    Sou apreciador de vinho, bebo quase diariamente, mas não pretendo ser um somelier nem mesmo um conhecedor. Apenas gosto de vinho e dou especial atenção ao custo/benefício dos vinhos que escolho. A maioria dos vinhos que bebo custam em torno de US$ 10 a 20. Mesmo na Europa, raramente ultrapasso esses limites.
    Digo isso porque, assim como você, não tenho tido muita sorte com vinhos franceses, mesmo quando degustados na França. Na verdadde, ao menos para o meu paladar, tenho me sentido melhor com os italianos (especialmente Toscana e Veneto) e os espanhóis)Também não tenho muita sorte com os portugues, ao menos nessa faixa de preços. Não me passa pela cabeça pagar mais de 50 Euros por um Quinta de Bacalhoa ou um Cartuxa.

    Na verdade, sou apreciador dos vinhos sul-americanos,inclusive dos vinhos brasileiros. A minha única restrição quanto aos brasileiros é o preço - muito elevado se comparados com os argentinos e chilenos do mesmo nível.
    Gosto especialmente do Merlot brasileiro. Experimente brasileiros como o Dom Laurindo, Cave de Amadeu, Valontano Reserva e outros. A cada dia surgem novos vinhos brasileiros de boa qualidade. Pena que se continue produzindo porcarias feitas com uva de mesa e açúcar.
    O melhor argentino que já provei é o Luigi Bosca - Reserva, que ultimamente tem sido encontrado no Duty Free Shopping do Brasil, na faixa de USD 15,00.
    Quanto à receita de cordeiro, será anotada para, se ppossível, ser testada na próxima sexta-feira.
    Um abraço
    Hugo

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