sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Vinhos Carmenère Chileno ganham destaque em evento

Notícia veiculada no Portal Terra (em 28/08/2009)
por Carlos Alberto Barbosa


Anualmente a Pro Chile, agência que promove exportações chilenas no mundo, realiza no Brasil uma série de ações que buscam dar visibilidade aos negócios internacionais envolvendo os dois países. Não é a toa que faz parte das ações um evento de degustações de vinhos que percorre, anualmente, mais de uma capital brasileira. Em São Paulo, por exemplo, na última quarta-feira, dezenas de produtores chilenos, com ou sem importadores no Brasil, ofereceram ao público especializado, degustações de diversos rótulos, entre eles, foi possível provar uma grande diversidade de exemplares elaborados a partir da Carmenère. Desde cortes até vinhos produzidos exclusivamente com ela em diferentes faixas de preços. A uva passa do anonimato para embaixadora do vinho chileno no mundo.
Entre os vinhos chilenos disponíveis, os da uva Carmenère tornaram-se emblemáticos. Tornou-se rapidamente a uva símbolo do Chile, apesar do seu cultivo ser ainda um tanto modesto no país quando comparado a outras castas tintas. A Carmenère ocupa hoje uma área cultivada de aproximadamente sete mil hectares, anquanto Cabernet Sauvignon tem 40 mil e o Merlot, 13 mil hectares.
Sua fama não se deve ao tamanho da áreas cultivadas, mas sim à própria peculiaridade de sua existência. Dada como casta em extinção, após a disseminação da filoxera, praga que dizimou vinhedios na Europa no século XIX, a Carmenère foi redescoberta no Chile em meados do anos 90, quando o pesquisador francês Jean-Michel Boursiquot a identificou, diferenciando de variantes da uva Merlot, no caso a Merlot Chileno. Essa identificação, conforme escreveu Antony Rose em artigo para a revista britânica Decanter, gerou, inicialmente, certo temor em declarar no rótulo que o vinho era elaborado com uvas Carmenére, principalmente após tantos anos com rótulos com o nome Merlot encobrindo a nova casta identificada. Em 1996 a Viña De Martino lançou o primeiro rótulo de varietal Carmenère, o Santa Ines Carmenère. Daí em diante foi caminho sem volta. Em 1998, a Carmenère foi oficialmente reconhecida pelas autoridades chilenas, e em 1999 os vinhos da casta já eram exportados para a Europa.
Os vinhedos de Carmenère passam então a receber os cuidados e aprimoramentos técnicos das demais castas já consagradas, resultando em vinhos de qualidade. Ao sair do papel de coadjuvante na elaboração de cortes de muitos dos grandes vinhos para assumir um papel solo, a uva também ganhou status de representante dos vinhos do Chile.

Negócios

O Chile é hoje o principal fornecedor de vinhos importados para o mercado brasileiro. Em 2008, segundo dados do Instituto Brasileiro do Vinho (IMBRAVIN), o Brasil importou perto de 58 milhões de litros de vinho, dos quais 19 milhões eram chilenos. Esses números colocam o Brasil como quarto principal destino do vinho chileno no mundo em volume de exportação.
Segundo Ricardo Moyano Monreal, diretor comercial da Embaixada do Chile no Brasil, o Brasil é o terceiro parceiro comercial do Chile, e o Chile é o sétimo do Brasil. É bem verdade que boa parte delas passa pela mineração, mas o vinho não fica atrás.
Embora o país esteja entre os dez produtores mundiais de vinho, a bebida, segundo relatórios do Pro-Chile, ocupa algo como a vigêsima posição no ranking de produtos de exportação do país. Mas então, porque trabalhar o vinho em eventos de promoção das exportações chilenas?
Eu arriscaria dizer que além dos interesses comerciais é também uma questão de imagem. Caso pergunte a um brasileiro que transite entre as prateleiras de um supermercado sobre o que lhe vem à mente quando se mensiona o nome do país andino, quase certo que a sua resposta será vinho, e não cobre. Ou seja, mesmo sendo o cobre uma importante fonte de receita para o Chile, sua marca na memória do brasileiro comum é o vinho.

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