quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Curso de Vinhos Assemblage


Aconteceu ontem na Casa do Porto o último capítulo do Curso sobre vinhos Chilenos com o tema "Vinhos de corte são mais divertidos! ". administrado pelo somelier Ariel.
O termo Assemblage proveniente da lingua francesa, não tem uma tradução exata no português, mas pode ser defido como uma "mistura", a arte de combinar sabores, aromas e complexidade com a finalidade de assegurar a constância da qualidade de um vinho. Muitas vezes pode ser feito a mistura de vinhos, de uvas, de uvas cultivadas em solos e climas diferentes e até de safras diferentes.
Alguns questionamentos foram feitos durante a aula que acho interessante discutí-los um pouco mais.
- O enólogo que produz vinhos assemblage tem toda a liberdade de literalmente "brincar" com com a composição do vinho que produz, isso não poderia, de certa forma, mascarar certos erros de produção ou imperfeições de safras que tornariam este vinho de qualidade inferior?
-Qual vinho traduz, ou expressa melhor toda a qualidade do terroir em que foi produzido, o varietal ou o assemblage?
São questões muitas vezes polêmicas e de difícil resposta. Na minha humilde opnião o vinho varietal expressa melhor a qualidade do terroir por ter tido menor influência do enólogo na sua produção. No assemblage, como dito acima, o enólogo pode fazer correções de acordo com as necessidades, ou seja, se determidada uva presente na composição de um vinho não teve as condições ideais na sua safra, o enólogo aumenta, diminue ou acrescenta outras uvas no intúito de minimizar os efeitos daquela que não teve uma safra ideal. Como o vinho varietal tem que ter uma predominância absoluta de uma única uva, as correções decorrentes de acidentes ou imperfeições na safra são bem limitadas, o que, certamente, fará com que estas características estejam presentes no produto final.
Não é minha intenção aqui dizer se um é melhor que o outro ou não. Cada um tem suas qualidades e defeitos. Tanto existem varietais de excelente qualidade como também existem os medíocres. O mesmo pode ser dito dos assemblages.
Para aqueles que se iniciam no estudo dos vinhos, acho que os vinhos varietais são mais didáticos, principalmente para aprendizagem de aromas e sabores característicos das várias uvas disponíveis no mercado.
Gostaria que nossos colegas seguidores colocassem suas opniões a respeito do assunto.

Foram degustados cincos vinhos descritos a seguir:

Villa Francioni - Assemblage 2005

Vinho feito com um corte de cabernet sauvignon, merlot, babernet franc e malbec. Envelhecido 18 meses em barricas de carvalho francesas, o que dá a este vinho um aroma e sabor de carvalho bem marcante. Além do aroma de madeira, nota-se também café tabaco, tostados. Pouco aroma de frutas. É um vinho elegante porém sem muita opulência. Nota: 87 pts

Chateau Le Grand Verdus 2005 - Bordeaux
Corte de Merlot (60%), cabernet sauvignon (25%), cabernet franc (15%), com 12 meses de barrica. Nota-se um vinho um pouco mais equilibrado com a madeira mais equilibrada com os sabores de frutas vermelhas e baunilha. Também apresentou-se levemente mineral. Um bom corpo porém sem muita opulência. Nota: 88 pts

Carpe Diem Terra Roja 2004
Corte: Cabernet franc (30%), syrah(30%), cobernet sauvignon (15%) e merlot (17%). Apesar dos 24 meses de envelhecimento em barrica, a madeira está em perfeita harmonia na estrutura deste vinho. Encorpado, cam taninos presentes e macios, aromas de frutas negras, especiarias, café e tabaco se intragram numa elegância marcante. O teor de alcool mais elevado (14,5%) não chega a incomodar. Nota: 89 pts

Sigla II - 2006
Em sua segunda versão ( primeira foi em 2003 ), o vinho Sigla segue o seu caminho como projeto independente de quatro jovens enólogos, produzindo cerca de 9000 garrafas numeradas. Seu corte se compõe de Cabernet sauvignon, Cabernet franc, petit verdot e Syrah. Um vinho encorpado, "musculoso", de aromas fortes de especiarias, frutas vermelhas, eucalipto e tabaco. Um vinho apaixonante! Nota: 90 pts

Antiyal 2006
Rotulado pelo próprio enólogo Alvaro Espinoza como um "vinho de garagem", com um carater artezanal bem marcante, este vinho biodinâmico envelhece 12 meses em barrica de carvalho. Apresenta um equilíbrio muito bom entre a madeira e os aromas de frutas, café, tostados e especiarias. Composto por carmenere (44%), cabernet franc (34%) e Syrah (22%). Na minha opinião peca somente no preço. Nota: 89 pts

Próximo encontro marcado na Casa do Porto em 23 de setembro com o tema: "O fabuloso mundo dos vinhos brancos", imperdível!!!!

Um comentário:

  1. Caro Carlos, não pude estar presente nesta degustação, mas tenho certeza que fui muito bem apresentado pelo Ariel.
    Fico muito feliz com as questões levantadas, a nossa intenção é esta mesmo.
    E concordo contigo que os vinhos varietais são mais didáticos... mas acho os assemblage mais divertidos, mais desafiadores!
    Enfim, um brinde a esta "assemblage" de idéias e de pontos de vistas. É disso que o mundo do vinho é feito!
    p.s. - quando puder acesse o blog taçacheia, o novo blog que a turma da Casa do Porto colocou no ar, está muito legal...

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